Temos Bolo 🍰: Especial da Semana (2/3)

Olá, tudo bem?

Hoje será a entrevista do Vinícius Sousa, de 19 anos. É universitário e estagiário, sempre quando pode entra no fórum da Comunidade Assexual, ouve música, ler alguma coisa interessante e jogar com os colegas dele. Ele se identifica como assexual já a dois anos.

Bem, qual é sua orientação e onde você está dentro do espectro assexual?

Vinícius: “Eu me classificaria como Assexual Birromântico, na medida em que não sinto conforto e nem desconforto com ambos os gêneros sociais, quando conquisto uma certa intimidade com a pessoa, consigo me sentir até confortável com o ato de beijar. Também me considero muito platônico, na medida em que estou a mais de cinco anos admirando um outrem.
Então me defino de maneira simplificada, sem especificar os momentos que sinto atração romântica.”

Como você se enxergava antes de se descobrir ace (mais precisamente no seu espectro)?

Vinícius: “Desisti da ideia de ser heterossexual, por não sentir atração sexual pela minha namorada da época; desisti de ser homossexual, na mesma situação, quando em um relacionamento homoafetivo, não tinha interesse algum no sexo.
Me considerei bissexual por sentir o mesmo vazio com ambos os gêneros sociais, e, posteriormente, conhecendo o termo Assexual, me consultar um Assexual Birromântico (talvez com a demi romanticidade)”

Como você se vê hoje sendo quem é? Quais vivências como assexual já passou?

Vinícius: “Já respondi um pouco na anterior.
Vivências como Assexual? Já contei para minha família e fui muito descriminado e taxado como ‘em cima do muro’, ‘vergonha de me aceitar homossexual’, ‘não sabe se quer dar ou comer’, de tudo, na verdade.
Contei pra minha sala de faculdade, durante uma dinâmica e, ninguém falou nada, talvez por ignorância em não conhecer essa sexualidade invisível, talvez por não acreditarem.
Nunca conheci outro Assexual pessoalmente, apenas no fórum.”

Vê que a ignorância sobre a assexualidade afeta dentro da nossa comunidade? Digo, como as pessoas se aceitam, um alto número em rejeição pelo fato de ser ace?

Vinícius: “Acredito que as pessoas, antes de se aceitarem e se descobrirem como ace, acabam tentando a todo instante se encaixar, se enquadrar, se sentir aceitos e, quando entram em contato com o termine se aceitam por si só, pelo menos por experiência própria e por leitura dos relatos no fórum, acredito que as pessoas se sintam mais ‘normais’, menos como ‘brinquedos quebrados’, mais aceitas e compreendidas, na medida em que não estão sozinhas.
Sobre a rejeição, acho que para com pessoas com a visão de ‘necessidade’ sexual, acaba sendo algo muito complicado.
Para pessoas que observam o sexo como um dos possíveis recursos de prazer, acho que aceitar uma pessoa Assexual e se relacionar com a mesma seja mais fácil.
Durante a faculdade e em algumas situações, o sexo é visto como uma necessidade fisiológica e, eu não concordo de maneira alguma com essa classificação.
Quer pela biologia, onde não se morre por não transar, quer pela psicologia, onde o sexo não é necessariamente prioridade na vida de muita gente.”

Como são os relacionamentos para você?

Vinícius: “Relacionamentos? Bem, acredito que o amor exista e, embora eu tenha tido uma curta trajetória de vida, com apenas 19 anos, mesmo com algumas desilusões, continuo buscando pela pessoa que vai me somar, me acrescentar, onde o abraço, o andar de mãos dadas, o dormir juntos até no calor, dentre as inúmeras características de paixão (não só verdadeiro amor), acredito que eu busque isso, esse amor idealizado, de novela…”

É importante visibilizar os espectros assexuais, para que não ocorra intolerâncias ou comentários desrespeitosos. Ouvir o próximo é essencial para entende-lo, mesmo não concordando com os nomes que aquele recebe, por exemplo. Pois, querendo ou não, nós existimos.

Espero que tenham gostado.
Até mais.

 

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